sábado, 29 de março de 2014

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Caminhei junto à maré...só para ouvir o rebentar das ondas, só para sentir o cheiro a maresia, só para pensar...
Sentei-me, sentei-me à beira mar, não porque estivesse cansado, apenas para olhar o horizonte, ouvir a voz de uma onda que quase chegava aos meus pés, ver a forma como a onda nasce lá bem à frente e morre a meus pés poucos segundos depois. E aquela onda viva cheirou-me a vida, acariciou o meu "eu"...e levou-me a ti. Amas-me? Assim como eu sou? Com todos os meus defeitos e virtuosismos? Não estavas ali...não te ouvi responder...uma brisa suave tocou-me no rosto, arrepiou-me a alma, sossegou-me. A vida, a minha vida será tão curta como a duração de uma onda que nasce e morre enquanto os meus olhos a contemplam. Para quê esperar para ser feliz? Para quê valorizar uma dor que me leva a sofrer? Ganhei coragem...levantei-me, vou caminhar no sentido oposto...deixar para trás as pegadas que ficaram com o meu caminhar, muitas delas apagadas por uma água azul, tão azul, e vou traçar outras...pegadas novas. A dúvida mantinha-se, mas eu lutei contra ela, lutei contra mim mesmo. Olho para o chão...vejo uma garrafa de vidro baço...aproximei-me, peguei-a e vi que no interior estava um papel embrulhado. Virei-a, tirei o papel humedecido, e abri-o...
"AMO-TE"...dizia aquele pedaço de papel...respondeste.

Cláudio Jorge Pereira

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